Guia de utilização de transportes públicos

carris fevereiro 24, 2015
Hoje o metro esteve em greve (ui que novidade). Sempre que compramos electrodomésticos ou coisas do género, pagamos também um enorme "livro" com instruções em diversas línguas (às vezes sem o português). Mas quando compramos um bilhete de comboio ou fazemos o passe, ninguém nos ensina a utilizar os transportes públicos nem nos diz os efeitos secundários dessa mesma utilização. Quando compro uma máquina de lavar sei que, se usar um determinado programa, vou ter de esperar tantos minutos para a roupa lavar e, dependendo da temperatura, sei que aquilo vai lavar a quente ou a frio. Se misturar cores com roupa branca a quente, sei que vou deixar de ter roupa branca. Mas quando fiz o passe, ninguém me disse quanto tempo ia ter de esperar por autocarros/metro e afins. É por isso que, ao longo do tempo (hoje), desenvolvi este manual que considero bastante útil.

Carris

1. Estás à espera do autocarro? Vão passar todos (alguns mais do que uma vez) menos aquele de que precisas.
      1.1. Quando finalmente o autocarro de que precisas chega vem tipo sardinha enlatada. Entras nele na mesma sem te aperceberes que atrás está outro completamente vazio e já vais a meio do teu percurso (ainda em pé) quando esse outro autocarro ultrapassa aquele em que tu vais.
2. Se estiveres em pé, a probabilidade de haver lugares sentados lá atrás é enorme, mas há pessoas que simplesmente apreciam fazer uma boa viagem de autocarro em pé e impedem a tua passagem.
3. Há sempre, sempre alguém com a música tão alto que pensas que essa pessoa não tem phones, mas tem.
4. Há sempre, sempre alguém a ouvir música (ou o que quer que se chame àquilo que essas pessoas ouvem) vinda do telemóvel e a presentear todos os passageiros com essa música (ou o que quer que se chame àquilo que essas pessoas ouvem).
5. As pessoas sentam-se do lado do corredor. Independentemente de saírem na paragem seguinte ou na última. 

Metro

1. O metro nunca demora mais de 5 minutos durante a semana. A menos que precises dele. Aí pode demorar 10.
2. As pessoas têm tendência a suicidar-se na linha azul. Sempre.
3. Durante a hora de ponta é preferível ir a pé. Seja para onde for. 
4. Quando o Benfica joga não vás para o Alto dos Moinhos. Eu sei que é mais perto, mas o metro não leva 60 mil pessoas de uma vez. Os primeiros 3 metros depois do jogo enchem no Colégio Militar. Com sorte, no Alto dos Moinho apanhas o quarto metro.
5. Há pessoas que vão tentar entrar e sair juntamente contigo porque não têm passe.

Regional

1. O comboio vai sempre vazio. A menos que seja hora de ponta. 
2. Há lugares de 6 e 4 pessoas vazios, mas há sempre alguém que se vai sentar onde estás.
       2.1. Se estiveres com as pernas esticadas para a frente a pessoa vai sentar-se à tua frente.
        2.2. Se estiveres com as pernas esticadas para o lado ou tiveres as tuas coisas em cima do banco do lado a pessoa vai sentar-se ao teu lado.
3. O comboio tem pneus. E furam-se de vez em quando. Daí as paragens no meio do nada.
4. O regional onde vais não tem prioridade. Nunca. Nem sobre outros regionais.
Nem sobre comboios fantasma.
5. Os revisores nunca pedem para ver o teu cartão de cidadão para comprovar o desconto. A menos que estejas com phones, a ler um livro e com a carteira arrumada no fundo da mala.
6. As pessoas levam-se em Torres Novas para saírem no Entroncamento. São sensivelmente cinco minutos que passam de pé. Pode não parecer muito. No regional é uma eternidade. 
7. O comboio atrasa-se sempre. A partir e a chegar. Sempre.


Intercidades

1. O comboio atrasa-se sempre. A partir e a chegar. Sempre.
2. Há lugares marcados, mas vai haver sempre uma pessoa sentada no teu lugar quer entres na primeira estação ou na penúltima. Sempre.
3. Não uses phones se for de noite. Não vais conseguir ouvir a voz que indica que estás a chegar à tua estação. 
4. Não adormeças se for de noite. Nem feches os olhos. Não vais conseguir ouvir a voz que indica que estás a chegar à tua estação. 
5. O preço é mais caro mas os lugares são mais desconfortáveis que os do regional.

Afinal, para que servem os centros de emprego?

iefp fevereiro 18, 2015
Desde que acabei o curso e entrei no grupo de "desempregados à procura do primeiro emprego" que esta questão me assola. Até sonho com isto. Ou acho que sonho, porque nunca me lembro dos meus sonhos. 

Reza a lenda que o centro de emprego serve para, como o nome indica, arranjar emprego às pessoas. Mas não. O centro de emprego é um espécie de 50 shades of grey: promete muita coisa, mas no fundo não é nada daquilo que prometeu. Talvez não seja a melhor comparação, mas queria apenas juntar a minha crítica às milhares que andam por aí a criticar o "filme do ano" mesmo que não o tenha visto. 

Para os que não sabem: o centro de emprego limita-se a enviar-nos cartas para casa a convocar-nos para reuniões chatas (no meu caso no fim do mundo) e quando não aparecemos porque, sei lá, não vimos a carta porque estávamos de férias noutro sítio que não Lisboa (e as cartas são um método muito mais eficaz que os e-mails), cancelam-nos a inscrição. Mas avisar? Para quê. Avisar é para coisas importantes, coisas de a nossa vida dependa como, sei lá, continuar a enviar currículos para realizar estágios do IEFP quando na verdade não estamos lá inscritos.

Ahh é por isto que adoro Portugal. As pessoas são sempre tão competentes.


Questões que assolam a humanidade #2

questões que assolam a humanidade fevereiro 12, 2015

(Pessoal do Continente, se estiverem a ver isto, façam o favor de me enviarem vales de 5€ em cartão em vez de 10%)

Porque é que se chama lava tudo se não lava tudo?

É provável que o lava tudo tenha sido a primeira publicidade enganosa de sempre e dele advieram as restantes (que é como quem diz, todas as outras existentes). De cada vez que faço limpezas esta questão vem-me à cabeça. Não é que alguma vez tenha experimentado, mas desconfio que o lava tudo não sirva para lavar dentescabelo ou o corpo. 

Quando era mais nova e a minha mãe estava a fazer limpezas "a fundo" tentei ajudá-la, lavando os vidros da cozinha com lava tudo. Ela ralhou-me. Parece que o lava tudo deixa uns desenhos engraçados nos vidros. Ainda hoje não sei porque é que ela ficou tão zangada. Eu apenas deduzi que aquilo lavasse realmente tudo. Não tenho a culpa que os produtos de limpeza não sejam objectivos.

Questões que assolam a humanidade #1

questões que assolam a humanidade fevereiro 01, 2015

Porque é que o shampoo tem a tampa virada para cima e o condicionador para baixo?

Já aqui falei desta questão aquando do primeiro post do blogue mas, não tendo chegado a conclusão alguma, parece-me certo voltar a abordar o tema. É um facto que dá muito mais jeito ter a tampa para baixo. Porquê? Porque quando a embalagem tem só um bocadinho lá no fundo, é um drama conseguir tirar esse bocado. Passamos mais tempo a esperar que aquele bocado de shampoo escorra para as nossas mãos do que a tomar banho. É por isto que eu defendo que tudo deve ter a tampa virada para baixo.

Parece-me a mim que, quando se lembraram de virar a tampa do condicionador para baixo, foi para as pessoas não se confundirem. E que tal fazerem embalagens ligeiramente diferentes? Fica a sugestão.

Mais uma coisa: porque raios é que as pessoas chamam amaciador ao condicionador? Amaciador é para a roupa. Um dia destes ainda experimento amaciador no cabelo. Quando ele passar a vir numa embalagem cuja tampa está virada para baixo.