A matemática da língua portuguesa

língua portuguesa janeiro 30, 2015
Tenho acompanhado, com alguma curiosidade, as notícias que dão conta que há muitos professores a darem cinco ou mais erros ortográficos nas provas de avaliação. Há muito que digo à minha mãe que tive alguns professores mais burros que eu e parece que agora ela acredita em mim. 

Mas eu entendo o lado dos professores. O português é das línguas mais complicadas que por aí anda. Antigamente as pessoas falavam latim. Latim em todo o lado (ou pelo menos em muitos sítios). Hoje em dia temos português, castelhano, francês, italiano e outras tantas. De tantas línguas que evoluíram do latim calhou-nos a mais difícil. À medida que a inteligência artificial evoluía, a inteligência humana decaía. Não vejo outra explicação para evoluirmos de um tempo em que falávamos todos a mesma língua para uma modernidade em que ninguém se entende a menos que, lá está, falemos todos a mesma língua. 

Podíamos ser como os ingleses. Conjugar verbos na primeira pessoa do singular ou na terceira do plural é igual, mas aqui não. A língua portuguesa tem mais apetrechos que o Quaresma de cada vez que vai a Chelas. Mais: há coisas que chegam a não fazer sentido. Vejamos uma conversa típica:

Indíviduo 1: Então o que é que vais fazer hoje?
Indivíduo 2: Olha não vou fazer nada!
Indivíduo 1: Quem me dera não fazer nada também mas tenho de ir ao oceanário apadrinhar um macaco.
Indivíduo 2: Mas isso não faz sentido nenhum.


Curiosamente, neste diálogo, o que faz mais sentido é o facto de haver um macaco no oceanário. “Não vou fazer nada” e “isso não faz sentido nenhum” é o género de frase que o comum ser humano costuma proferir sem se aperceber da barbaridade que diz. 

Nas aulas de matemática que tive sempre me ensinaram que menos com menos é mais. Nestas duas frases temos presentes duas negações: “não” com “nada” e “não” com “nenhum”. Partindo do princípio que estas negações correspondem ao sinal “menos” numa equação matemática, ao dizer uma destas frases, o indivíduo está a negar-se a ele mesmo. Ora de cada vez que digo qualquer coisa é porque tenho a certeza daquilo que estou a dizer (às vezes nem tanto mas passo sempre essa imagem) e odiaria contrariar-me a mim mesma (já me chegam as outras pessoas para isso), mas cada um sabe de si.

Testei esta teoria durante uns tempos com alguns amigos. Disseram que eu estava maluca. Tenho para mim que o cérebro deles não está desenvolvido o suficiente para acompanhar as minhas teorias de génio. 

Jornalismo futurista vs. jornalismo de redes sociais

jornalismo janeiro 21, 2015



Que o jornalismo está cada vez pior já não é novidade, mas o que verdadeiramente me intriga nos últimos tempos é o surgimento de alguns tipos de jornalismo sobre os quais não aprendi nada na faculdade. Talvez seja devido à minha falta de conhecimento sobre tal que não consigo arranjar um emprego. Vendo bem as coisas, também não apreciaria ter um emprego em que teria de produzir artigos que remetem ao passado com um verbo no futuro.

Examinemos então a "notícia" do lado esquerdo da imagem. A crónica do Ricardo Araújo Pereira da Visão da semana passada  mostra-nos (e bem) o valor do terá. O verbo "ter" está conjugado no futuro, no entanto a notícia aponta-nos para o presente/passado, "o que significa que talvez venha a confirmar-se no futuro que sucederam certas coisas no passado". O "terá" apresenta-nos toda uma nova forma de fazer jornalismo na medida em que eu posso fazer uma notícia de primeira página que diz "Bruno de Carvalho terá ameaçado Marco Silva para ele começar a ganhar jogos" e ninguém me pode processar por isso. Estou a inventar, mas no futuro pode até confirmar-se que esta minha invenção está certa. Mas ainda mais preocupante que o "terá" (que para mim é dos termos jornalísticos mais geniais alguma vez criados) são as outras duas palavras do artigo. Ponto 1: quem é o Tierry?! Foi preciso ir aos comentários para perceber que é um desses da casa dos segredos. Não sei desde quando é que os participantes da casa dos segredos são assunto de importância nacional, mas talvez seja eu que sou conservadora. Ponto 2: é uma notícia assim tão escandalosa um participante da casa dos segredos ter gonorreia? E o que é isso me interessa? Seria mais relevante para a sociedade se me avisassem que ele está engripado na medida em que assim, caso passasse por ele (e o reconhecesse) podia desviar-me e evitar ficar contagiada. 

Passemos à segunda "notícia" do lado direito. Conheço imensas pessoas que defendem que o Record é melhor que A Bola. Claro que é. Copia notícias da Lusa sem emendar erros e presenteia-nos com este tipo de artigo. Ponto 1: ninguém quer saber do Benito. Eu até gosto dele e é por isso mesmo que o sigo no twitter. Não preciso que os ditos jornalistas me avisem sempre que um jogador do meu clube faz um novo post. Ponto 2: honestamente, quem é que quer saber se ele está "impressionado" com tanto acidente? Ontem ele também publicou uma foto no instagram, onde é que está o artigo sobre isso? Sinto que tenho de mudar a segurança da minha conta do twitter antes que o Record faça uma notícia com o twett meu - que diga-se de passsagem, interessaria mais do que a gonorreia do Tierry.

Depois destas beldades, fui obrigada a ver o telejornal da TVI. Sim, que aqui em casa é o meu pai que manda na televisão a menos que eu queira ver futebol. A TVI volta a presentear-me com o "terá", no caso específico na forma de "poderá ter". Ronaldo poderá ter uma nova namorada. O Gerrard vai sair do Liverpool, mas sobre isso nem uma notícia. Mas o Ronaldo tirou uma foto com uma jornalista da Real Madrid TV portanto poderá ter uma nova namorada. É pena ele não ter tirado uma foto comigo. Continuava pobre e desempregada, mas pelo menos famosa já era.

Se estiverem a precisar de alguém que produza conteúdo jornalístico, eu ando à procura de emprego e gostava efectivamente que fosse no mundo jornalismo desportivo. Além de saber escrever (que já é um factor diferenciador), também sigo os grandes astros do futebol mundial no twitter, facebook e instagram. Contactem-me.

Programas de domingo à tarde

televisão janeiro 18, 2015
Muito se fala sobre os programas de domingo à tarde, sobretudo aos domingos à tarde. Ninguém se choca se eu disser que a televisão não dá absolutamente nada de jeito (com excepção de um jogo de futebol de século a século) mas os domingos são especialmente perturbantes. 

Aquilo que me chateia nem é a "qualidade" das músicas apresentadas. Eu vejo o Festival da Canção e a Eurovisão há bastantes anos portanto estou habituada a músicas péssimas. Aquilo que realmente me chateia é o facto de aqueles "cantores" poderem gravar cd's. Não sei se pagaram para os gravar (calculo que sim) mas - geralmente - se pagamos a um polícia para que "esqueça" que matámos alguém, somos acusados de homicídio e ainda de corrupção. Esta gente que grava estes cd's não é acusada de nada apesar de cometer um crime que considero estar ao mesmo nível do homicídio. Gravam o cd, destroem tímpanos, mas estão na televisão a fazer aquilo de que gostam (ou pelo menos assim calculo). 

Com tantas excelentes vozes que temos neste país... É de revoltar!

E se o Papa se tivesse enganado?

janeiro 16, 2015

Hoje estava a folhear o Região de Leiria (jornal de que o meu pai é assinante há milénios mesmo que leia só uma página por semana) e lá estava a notícia de que o Papa ligou para uma paciente argentina que está internada no Hospital de Leiria. 

Primeiro que tudo é preciso reconhecer a inteligência da senhora que imigrou para Portugal mas escolheu a única cidade com Nutelleria para viver. Mas mais importante do que isso é fazer uma análise profunda a um problema que assola a minha casa. O telefone cá de casa toca constantemente (muitas das vezes acorda-me) e a minha mãe raramente o atende. Ainda me lembro dos tempos em que o telefone cá de casa era daqueles que não mostravam os números que estavam a ligar. Desde que mudámos de telefone que tem sido um pesadelo. Primeiro tínhamos um telefone que fazia um barulho mais irritante do que o Nuno Guerreiro a cantar e que se ouvia na freguesia vizinha. Agora temos um telefone mais moderado mas que mesmo assim chateia. 

Vivendo no distrito de Santarém, o indicativo do telefone cá de casa é o mesmo de Leiria (faz imenso sentido, eu sei) e portanto o Papa pode muito bem ter-se enganado e ter ligado cá para casa. Tenho uma enorme quantidade de chamadas não atendidas de números desconhecidos. Se a minha mãe atendesse o telefone se calhar tinha falado com o Papa. Como ela nunca atende o telefone, nunca vai saber.

Já lhe falei nesta teoria. Ela diz que eu sou maluca. Mas ela diz sempre isto.

José Sócrates, quer ser meu amigo?

politiquisses janeiro 14, 2015
Acredito que, neste momento doloroso, José Sócrates tenha poucos amigos, tirando o pessoal do PS que o vai visitar por obrigação. Eu, que nunca estive na prisão, também não tenho lá muitos amigos, ou pelo menos não tenho amigos que partilhem comigo tantos interesses como José Sócrates. 

Primeiro que tudo Sócrates é uma pessoa muito querida. Eu fiz 18 anos em janeiro e em abril/maio fui votar pela primeira vez depois de ele se demitir, mas só tinha recebido a carta com o cartão (papel) de eleitor um mês antes - porque Portugal é eficiente e rápido até nestes assuntos. Se o meu futuro amigo se tivesse demitido antes, eu teria de esperar ainda mais tempo para exercer o meu direito de voto. 

Há três características fundamentais que aprecio numa pessoa: ser do Benfica, inteligência e a capacidade de rir e fazer rir. Nenhum dos meus amigos possui estas três característas - muitos deles não possuem nenhuma. José Sócrates possui estas três características e ainda é um mestre do ilusionismo - e eu adoro ilusionismo - que deixa o Luís de Matos a chorar a um canto. 

O ex-primeiro-ministro conseguiu iludir todo o Portugal a votar nele, a deixá-lo roubar e vão ver que vai iludir os juízes e não tarda nada sai em liberdade. Para isto é preciso uma inteligência acima do normal. José Sócrates não acabou o curso de engenheiro porque já estava a congeminar todos os planos do mal para quando estivesse no poder - isso e porque não precisava do inglês para nada porque também já devia ter planeado gastar 25 milhões de euros a tirar um curso de filosofia em França.

Depois há o sentido de humor. Não só o preso número 44 sabe rir-se de si próprio - e inclusive enquanto fala está constantemente com um sorriso irritante  na cara - como tem a capacidade de fazer rir um país inteiro. É o segundo melhor humorista do nosso país, logo a seguir ao Jorge Jesus. 

Há uns tempos vi na capa de uma dessas revistas cor-de-rosa que o sujeito em questão não se importava que lhe levassem a casa, o carro, as jóias e tudo o que ele tem desde que lhe deixassem as acções no Benfica. No fundo, José Sócrates nada mais é que uma versão melhorada da Ágata, até porque, se tirarem o filho ao político, algo me diz que não lhe iria causar tanta tristeza como a perda de acções do Benfica. Se virmos bem as coisas, o homem sabe estabelecer prioridades e nunca me iria marcar um jantar de amigos para um dia em que desse a bola - que é uma coisa que os meus amigos fazemconstantemente.

Dito isto, caro José Sócrates, se tiver acesso à internet a partir do estabelecimento prisional de Évora, contacte-me e talvez me possa dar umas dicas de "como iludir pessoas de que sou extremamente competente de modo a conseguir um emprego em que me paguem bem".

Somos todos comentadores desportivos

Futebol janeiro 12, 2015
Há duas alturas do ano que aprecio bastante: o Natal e a eleição de melhor jogador do ano. O Natal já não é o que era. Já não recebo a quantidade de prendas que recebia antigamente e também não tenho dinheiro para oferecer tantas quantas queria. Em compensação, a eleição de melhor jogador do mundo tem vindo a melhorar com os anos. 

Esta é aquela altura do ano pela qual qualquer pessoa que gosta de futebol anseia. A maioria das pessoas quer saber quem foi eleito o melhor treinador e jogador e essas coisas todas que fazem a gala demorar tanto como um jogo de futebol. Eu, que na maioria das vezes consigo prever quem é que vai ganhar tudo, só quero ver os comentários à gala e os fatos do Messi. 

Pessoas que não diferenciam um canto de um pontapé de baliza, tornam-se no Carlos Daniel e tentam fazer de mim o Nuno Luz se eu digo que o Ronaldo não merecia o prémio. Mas digo. Para mim ficava em segundo. Ganhava o Neuer. É impossível comparar-se um jogador de campo com um guarda-redes. Neuer nunca há-de bater os recordes de golos de Messi e Ronaldo e, no entanto, não deixou de ser decisivo para a conquista do campeonato do Mundo pela Alemanha ou da Bundesliga pelo Bayern. Mas quem é que valoriza alguém que evita golos, quando tem ao lado alguém que os marca?

O que me atormenta verdadeiramente nem é o facto de o Ronaldo ter ganho (até porque já toda a gente sabia que era isso que ia acontecer) mas sim o Messi ter acabado em segundo. Se fosse eu, nem nos três primeiros ficava, mas o sistema em que argentinos votam em argentinos e os dois primeiros classificados votam nos últimos é claramente mais eficaz do que o meu cérebro. Se o Neuer fosse capitão da Alemanha, será que tinha votado no Messi e no Ronaldo? Fica a pergunta inútil.

P.S. Eu adoro o David Luíz, a sério que adoro, mas o que é que ele está a fazer na equipa do ano? 

janeiro 07, 2015
A pedido de várias pessoas (entenda-se pedido como sugestão de pessoas que nunca vão ler nada do que eu escrever) criei um blog.


É importante esclarecer antes de tudo que não tenho nada de interessante para dizer, mas tenho uma opinião válida (ou às vezes nem tanto) sobre a maior parte dos assuntos. 

Não percebo nada de moda, o que acaba por ser um alívio já que é certo que não vou ser mais uma pessoa a publicar os outfits diários. Não leio muito nem vou ao cinema regularmente e portanto não posso fazer reviews de livros ou filmes. 

Podia escrever só sobre futebol ou sobre os erros de português (ou de inglês) de Jorge Jesus, mas os meus amigos dizem que isso não me vai fazer rica e famosa. Foi com esta promessa (a de ficar rica e famosa) que criei este espaço que pretende promover a discussão entre mim o meu subconsciente sobre as questões (ir)relevantes da sociedade como: porque é que o shampoo tem a tampa para cima mas o condicionador tem para baixo?